Agosto de 2010
Personagens principais: Carla e Ana
A chuva caía... bom sinal, segundo descobri posteriormente, pois muitos dizem que se é abençoado em Santiago quando chove.
Depois da chegada e do fascínio que a Catedral impõe à primeira vista... paramos para comer alguma coisa e com o mapa de Santiago de Compostela utilizamos o pendulo para verificar os pontos em que haviam memórias a curar.
Foram muitos os pontos históricos visitados... as memórias trabalhadas, ainda que inconscientemente na maior parte do tempo.
As voltas foram muitas... a paciência quase se esgotou em muitos momentos, mas a força de ir mais além levou-nos a não parar... a seguir sempre um passo mais à frente.
Cheguei à conclusão que no tempo que passamos em Santiago vivenciamos a caminhada... como se tivessemos vestido a vestimenta de peregrino e caminhado até Santiago.
O que nunca esquecerei...
A Igreja dos Milagres, na lateral da catedral
Entramos numa igreja e olhamos em volta calmamente, até nos depararmos com uma porta pintada à mão lindíssima. Enquanto olhavamos ouvimos um cantigo. Olhamos na direcção do altar e lá estava um padre e uma freira a cantarem.
Sentamo-nos e ficamos em silêncio.
O momento foi intenso e inesquecível. Liguei-me ao coração e simplesmente senti. Foi-me transmitida uma iniciação energética e foram realizadas curas relacionadas com vidas ligadas à religião e às nossas vivências em Santiago.
A Meditação entre a praça dos vivos e a praça dos mortos
Olhamos para a fila interminável para ir abraçar o santo e desmotivadas decidimos desistir. Então sentamo-nos no topo da escadaria que se mostra junto à entrada para o local onde abraçam o santo e meditamos. Durante a meditação foi-nos transmitido que tinhamos dado voltas infindáveis ao longo de Santiago até chegar àquela hora especifica e estarmos junto a um grupo restrito de pessoas. Foi-nos mostrada uma vida em que se deu uma batalha entre muitos os que estavam naquele espaço presente e foi feito o perdão. Então tocaram os sinos potentes, penetrantes, como que em celebração. Uma emoção indescritível! Depois em meditação estivemos a subir uma escadaria até junto do Santo e abraçamo-lo e a intensidade garanto que foi tanta ou maior do que se fosse pessoalmente, em carne e osso. Vimos literalmente a escadaria e o abraço... embora ambas não sejamos muitas dadas à visão.
O altar da Catedral
Pensava já não ir dentro da catedral quando vejo a fila mais pequena para entrar. Lembro-me de ser assolada pela imagem constante do altar... e duma vontade crescer dentro de mim, até desanimar, acreditanto que ia a Santiago sem ver o que tanto desejava.
Infiltramo-nos na fila, a Ana foi "barrada" à entrada por causa da mochila... mas tudo me dizia para entrar e tive que pedir-lhe para esperar enquanto eu entrava.
Estava a dar a missa... em que o padre falava de perdão, parecia quase sincronizado com a nossa meditação/cura. Via uma parte lateral do altar, mas pouco ou nada... caminhei lateralmente até me encontrar de frente para o centro do altar... aí deparei-me com a imagem que me acompanhava constantemente desde que chegara a Santiago. Quando me posiciono de frente para o altar pouso o cajado e fecho os olhos. Senti que muitas vezes entrei naquela catedral, mas pela porta que existia atrás de mim. A sensação foi intensa! Fiquei de olhos fechados a sentir e quando abri os olhos estava perto de mim, a pedir silêncio, um jovem com um manto, parecia os antigos fatos de monge, num tom de azul índigo... e os nossos olhos cruzaram-se. Senti empatia e reconhecimento. Voltei a fechar os olhos e entrei em regressão espontanea. Eu já tinha sido companheira daquele rapaz no contexto de Santiago e havia cura a fazer - quebra de uma jura de amor eterno. Finalizado o trabalho energético procurei a primeira porta e saí. Olhei uma última vez para atrás e o rapaz encontrava-se inclinado a olhar para mim... o reconhecimento tinha sido mútuo.
Procurei a Ana e fomos embora depois de compradas algumas lembranças.
Agora pensam os crentes: que lindo! Os cépticos: que maluca!
Digam-me lá se todas as nossas vivências são ou não animadas pela imaginação de quem as vive?!? Não interessa aqui delinear as fronteiras entre a realidade e a imaginação... foi esta a forma como eu e a Ana sentimos a viagem e só isso conta.
A constatação dos resultados da viagem a Santiago foram para mim marcantes. Senti-me mais focada nos meus objectivos, mais forte, mais completa e segura... com a certeza de que um dia quero fazer viagens destas com grupos.
Obrigada Ana, obrigado Santiago... obrigado guias e mestres que me acompanham.
Mais tarde, já de volta a Portugal e depois de findadas as férias foi-me transmitida a mensagem que se deve curar o peregrino que existe em cada um de nós. Isto porque nesta vida todos nós somos, nada mais nada menos, do que peregrinos. Muitos criamos medo de viver, outros esqueceram-se do prazer de que é esta viagem e andam em automático, outros lutam para se conectarem com esta parte deles, através das técnicas que vão descobrindo. E uma das coisas que eu mais quero é ser um canal para ajudar as pessoas a fazerem esse trabalho de cura... para que consigam cumprir as suas missões...
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