segunda-feira, outubro 11, 2010

Mudanças...

Nunca pensei chegar à conclusão de que tenho resistência às mudanças...
Percebi há pouco tempo que no meu interior se encerram uma série de medos tolos que nem sequer me assombram de tão bem escondidos se encontrarem.
Mas que existem e me limitam é uma realidade...
Isto uma vez mais fará com que eu tenha que olhar para o meu interior e trabalhe em mim. Sei que depois desta descoberta tudo me indica que tenho que reservar alguns momentos para mim mesma e enfrentar as minhas sombras. No passado encontrava-me mais de metade do tempo mergulhada nas sombras... talvez até encontrar a minha luz. E entretanto habituada a viver ligada ao meu lado bom, reneguei e enclausurei o meu lado menos bom... que tenho, tal e qual como qualquer ser humano. Como sou de 8 ou 80 agora que vivo na luz, custa-me mergulhar na caverna pessoal e trabalhar aprofundadamente nas sombras.


Mas lá terá que ser...

Partilho um dos modos que utilizava para mergulhar em mim. Já foi escrito há muitos anos, mas demonstra o como a escrita foi sempre determinante para mim.


Perdição
Por momentos
Perdi-me numa perdição sem retorno
Onde estou?
O que faço?
Para onde vou?
e de filosofia nada têm as questões...
quais tentativas de descobrir a essência humana!?!

Onde estou?
Num lar que já não reconheço
De nada choro... de tudo me esqueço...
Só quero partir...
Só quero morrer...
Deixei de fugir
É duro sorrir... é duro crer...

O que faço?
Já tentei todas as loucuras.
Lancei borda fora ideais...
... o que outrora condenei... cometi
... deitei fora o antídoto para o veneno que ingeri...

Para onde vou?
O meu fim não chega
Nem este me quer!
Nem um fim... nem um fácil morrer...
Permaneço no frio do chão
Que me seduz
Passando as mãos por todo o meu corpo
... como se fosse dele...

Fico crucificada nesta cruz...
Faço do sonho inimigo...
um perigo que não quero correr!
E estes fogem de mim...

Fecho os olhos com medo
Desejo o que não queria desejar
e sem mais o frio vai embora...
Consigo levantar-me!
É tudo tão amargo
Tão sem sentido...
Então
Não sei bem porquê...
Puxo de um desejo
... sem ler o conteúdo...
E continuo...
Mesmo sem rumo certo
Num caminho perdido...
Salvo-me...
... mas por um desejo... talvez... mal pedido...

Olho para atrás e vejo no sofrimento em que já me encontrei... o quanto me marcou a perda do meu pai, a dureza de me tornar madura... à custa de algumas quedas e feridas e decepções. Estou a ler um livro muito interessante, cujo autor fala na cura e no encontro da felicidade interior através dos nossos sofrimentos. Sou quem sou hoje pelo meu percurso de vida... cada dor, cada sorriso, cada pessoa boa ou má que encontrei fez-me ser quem sou neste preciso momento.
A vida proporciona-nos lições constantes que nos apontam o que temos que trabalhar em nós. Os sinais vão sendo cada vez mais fortes até entendermos. É bom tornarmo-nos cada vez mais conscientes de quem somos e do que fazemos a cada dia para aprendermos a olhar-nos como um todo, de defeitos e de virtudes e a ver isso como a nossa identidade... a nossa mais vantagem neste caminho... porque só sendo quem somos na nossa verdadeira essência nos fará cumprir as nossas missões nesta vida.

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