Caverna

Todos nós temos uma caverna de estimação.

Uma espécie de lugar do poder ao contrário... noutras palavras, esta caverna é o lugar onde nos despojamos do nosso poder pessoal, onde somos indefesos... pobres... tristes... sós e abandonados.

Essa caverna tem muito bem guardados os nossos defeitos... imperfeições... as nossas culpas... feridas... as lágrimas contidas... as nossas máscaras... frustrações, os nossos vicios ... aquele a que podemos chamar o nosso lado sombrio.

Esta caverna está bem escondida... sem caminho definido, em territórios ocultos do nosso ser. É como se o trilho para esta caverna só se encontrasse naqueles momentos em que nos deixamos levar verdadeiramente pelo nosso lado negro. De tal forma que nos esquecemos das nossas missões... esquecemos que somos capazes de ser felizes... que somos seres de luz e de amor.

Então ficamos lá dentro... perdidos, sem perceber como se sai daquele local tão sombrio e escuro!

Vem então aquele medo de estar só... mas igualmente o medo de arriscar e sair para a luz de novo...

Ficamos ali aninhados a um canto... esquecidos da nossa verdadeira essência... entregues ao frio, ao desconforto, ao vazio de horizontes.

No minuto em que conseguimos perceber de novo que merecemos melhor... conseguimos ganhar forças para nos levantar e dizer do fundo do nosso coração: "Eu amo-me, eu respeito-me, eu perdoo-me e aceito-me tal e qual eu sou"... aí tudo será diferente...

A nossa caverna continuará lá, mas iluminada! Com o tempo algumas coisas serão curadas e trabalhadas... outras serão aceites simplesmente como parte integrante de nós...

A maioria das pessoas precisam de ousar tomar conciência dessa caverna e iluminá-la!

Eu descobri que é isso que estou a fazer neste momento... era disso que andava a fugir... era por isso que não queria parar para reflectir! Tenho recordações demasiado duras dessa caverna e passei demasiado tempo nela...

Depois digamos que fugi para bem longe, mas não a iluminei. Escondi o caminho... simplesmente. Porém esta não deixou de estar lá... escura, sombria... ameaçadora!

Está a ser um trabalho duro... estou a sentir-me sozinha... carente... frágil... à porta da caverna, sabendo que tenho que entrar e que conseguir encarar o meu lado sombrio... fazer um abraço da paz com a totalidade do meu ser, mesmo com as minhas sombras e os meus próprios pesadelos.

Mas já fiz a minha escolha, agora é entrar e trabalhar...